quarta-feira, 13 de março de 2013

Sob o signo do conservadorismo







Entre a perplexidade e a dúvida o mundo recebe a notícia de que o chefe da igreja católica é um latino americano. A notícia não é boa. Ângela Merkel que o diga. Desde que Joseph Ratzinger, o papa renunciante, assumiu a Santa Sé a ingerência do episcopado germânico só fez por crescer na Alemanha, refreando não apenas avanços nos costumes da altamente desenvolvida sociedade alemã, como também bloqueando o reconhecimento público de nação agressora que caberia aos alemães fazerem para apagar as feridas da segunda guerra, e com isso voltar a ter peso na segurança da Europa às voltas com um norte da África cada vez mais hostil. O apreço de Ratzinger por Adolph Hitler foi o motivo de fundo.

A escolha do papa Argentino tem mais a ver com as preocupações da Igreja com o desgarramento da América Latina dos dogmas eclesiásticos desde que os principais partidos com que contava para influenciar a vida laica foram um a um desaparecendo com o avanço dos movimentos de afirmação social e o fortalecimento das organizações políticas independentes de caráter popular.

Com a repressão comandada por Ratzinger, à frente da Congregação para a Doutrina e a Fé, aos propositores da chamada Teologia da Libertação e ao envolvimento do baixo clero (na verdadeira acepção da palavra) com os movimentos de resistência às ditaduras do continente, o que era conhecido como democracia-cristã praticamente deixou de existir, dando lugar a partidos trabalhistas de compromisso transformador, pouco permeáveis aos valores da Igreja

As diferentes denominações evangélicas apenas ocuparam o vazio deixado pelo catolicismo, que, ausente das lutas populares, abriu caminho ao ativismo político protestante. A ponto de qualquer governo não poder ignorar, num dos maiores países católicos do continente – o Brasil – a presença de partidos e bandeiras evangélicas nas articulações visando disputas eleitorais.

Embora declinante, a força da Igreja ainda é grande no mundo contemporâneo, sobretudo nas Instituições seculares voltadas à educação e à assistência social nas grandes regiões metropolitanas, e a presença de um papa da região se fará sentir nos grandes temas ligados aos costumes e ao autonomismo das políticas de erradicação da pobreza.

A escolha de um papa argentino mostra ainda que a Igreja fez uma opção por cuidar de seu rebanho ao sul do equador, o que ignifica o apoio mais aberto do episcopado a representantes laicos que militem em partidos conservadores, em que questões relacionadas ao avanço da emancipação feminina e à afirmação de minorais são interpretadas de modo mais restrito.

Não há como iludir-se, a  relevância de temas morais na política sul-amarica só fará recrudescer daqui pra frente.

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