quarta-feira, 14 de março de 2012

Além da inspeção veicular


Devem estar atentos os candidatos de oposição às eleições municipais em São Paulo quanto às alterações operadas no tipo de demanda que lhes dirigirá o eleitor.

Embora permaneçam importantes as propostas para as soluções dos problemas crônicos da cidade – como trânsito, transporte e inundações – não menos importantes se afigurarão as preocupações quanto às garantias de vivências sociais no espaço da metrópole.

Espera-se que a gestão municipal tenha que prover mobilidade urbana a fim de proporcionar não apenas padrões satisfatórios de qualidade de vida como também de manutenção do trabalho aos moradores da cidade, já que atrasos frequentes ao serviço podem vir a oferecer restrição ao emprego. Não menos presumível, no dia a dia do munícipe, é que a vida e o patrimônio devam ser resguardadas contra eventos climáticas severos, de todo antecipáveis.

São questões que parecem já precificadas – como diriam os economistas – para os habitantes da cidade. E a essas expectativas estão obrigados a responder, em primeiro lugar, os governantes em exercício que foram eleitos para dar-lhes atendimento. No caso de São Paulo, o duo Serra e Kassab.

Há, contudo, outra ordem de problemas que afeta os cidadãos numa dimensão mais sutil, porém não menos verdadeira. Dizem respeito às condições de que dispõem para o desfrute da cidade em atividades cotidianas como ir aos parques públicos em segurança, estacionar seus veículos sem riscos nas ruas e não ver incidir sobre os serviços de bem-estar proporcionado pelo município taxas e custos que não sejam aqueles ordinariamente fixados pela constituição.

Antes limitados à classe média mais tradicional, moradora dos bairros nobres da cidade, esses anseios, a que se pode chamar de vivenciais, espalharam-se para as demais camadas da população por causa da expressiva mudança verificada na estrutura de classes da sociedade brasileira, desde a última década.

Para satisfazê-las no aspecto da segurança o postulante ao cargo de prefeito conta com a guarda metropolitana, que deveria ter assegurada - nas propostas de governo - a duplicação de seu efetivo a fim de dar garantias ao morador da cidade de que poderá frequentar, com tranquilidade, os espaços públicos de interesse especial da comunidade, como parques e centros de comércio ao ar livre.

Garantir-lhes também que serão realizadas com regularidade rondas civis noturnas junto a equipamentos públicos, de modo que não sofram depredações ou se transformem em pontos de concentração de marginais.

Mais de que em qualquer outro tempo viver na cidade tornou-se algo caro, em razão de taxas que oneram o desfrute de bens privados como o automóvel. Nesse sentido fez bem o candidato Haddad em haver anunciado que, se eleito, extinguirá a taxa de inspeção veicular.

Entretanto, deverá ir além nas promessas e dizer que acabará também com as taxas de estacionamento nas ruas, por meio das chamadas zonas azuis, que cobram aos contribuintes serviços de empresa privada sem as garantia devidas e sem a posse efetiva das áreas, que são públicas e, portanto, dos próprios cidadãos.  

Se quiser vencer as eleições o ex-ministro Haddad, ou qualquer outro que pretenda derrotar a aliança de direita que se desenha em São Paulo, não deverá renunciar -  senão que aprofundar - uma   agenda de propostas conservadoras que contemple, sem hesitação, os anseios da nova classe média paulistana.


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