terça-feira, 6 de março de 2012

São Paulo perderá a Paulista

Deu em nada a intervenção policial para dissolver a concentração de usuários de drogas existente na área do centro paulistano conhecida por Cracolândia.
Ou melhor, deu no pior dos cenários possíveis, que foi o do deslocamento e do reforço de grupos numerosos de consumidores para as regiões mais próximas aos bairros nobres da Avenida Paulista.

 As ruas antes dominadas por cinemas e bares tradicionais agora são foco da mesma concentração de jovens das mais diferentes classes sociais que se aglomeram para formar espécies de cordões de isolamento, em cujo centro é praticado livremente o consumo de drogas.

Violência contra moradores, conflito de grupos rivais e destruição de patrimônio tornaram-se rotina nas ruas Frei Caneca, Augusta e Bela Cintra. É claro que os órgãos de segurança conhecem o fenômeno, dado o elevado número de ocorrências policiais registradas. Apenas não o tomam pelo que de fato é, uma nova Cracolândia, pelo simples fato de que estariam assumindo com isso a existência de uma situação social fora de controle.

O interessante a ser notado nesses novos centros do comércio e consumo de drogas é o perfil do público. Diferentemente dos tipos marginalizados que se via na zona central, o frequentador dos novos pontos é de classe média e assume estereótipos sociais bastante comuns como o do “skatista”, do “rapper” e outros assim.

Ao final de cada noite de tumultos as ruas amanhecem forradas de invólucros feitos de plástico transparente, que se prestam à distribuição de drogas. A polícia, chamada por moradores a intervir, assiste a tudo impassível.

Aos poucos, no entanto, os moradores começam a mudar-se para outros locais, temerosos dos riscos apresentados à segurança pelo lugar. E mais uma mancha de degradação urbana toma o espaço do que era antes um tradicional bairro da capital paulista.

Dificilmente o tema virá à tona na campanha eleitoral que principia pela boca do candidato governista, representante de forças políticas que permitiram que a questão das drogas tomasse na cidade a proporção de fator de indução à desurbanização.

O tema é de grande interesse para a classe média tradicional, porque diz respeito à afetação de bairros que há pouco tempo foram referenciais para a vida da cidade.  Sua discussão e a proposta  de soluções apenas poderão ser suscitadas pelos candidatos de oposição. Esperamos que o façam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário