segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A pemedebização do PSDB

Foi tudo planejado para acontecer durante o carnaval: a longa entrevista do presidente nacional dos tucanos Sérgio Guerra, a conversa marcada por Alkimin com Serra para definir a candidatura do ex-governador à prefeitura de São Paulo e a viagem deste a Buenos Aires com um dos participantes das prévias, Andréa Matarazzo, para acertar a composição de chapa.

Indiferentes ao clamor partidário que via no compromisso de prévias a chance de redimir o partido do erro histórico de não abrir-se à militância, insistiam na insensata marcha o presidente nacional da legenda, o governador e candidato. Mesmo que ao preço do desapreço por parte da sociedade paulistana: o presidente do partido chegou a dizer aos jornais que a candidatura de Serra à prefeito relançá-lo-ia no cenário nacional.

Desfaçatez, porque os cidadãos de São Paulo sabem que muito dos problemas de que padecem hoje decorre da falta de interesse de Serra em dedicar-se à cidade, obcecado que sempre foi pela idéia de tornar-se presidente. Prefeito e governador, deu as costas à cidade entregando os governos que deveria dirigir aos secretários Andrea Matarazzo, na prefeitura, e Vidal Luna no estado. 
Evidente que a intenção do presidente da legenda e do governador  foi a de, cada um ao seu modo, comprometer Serra com a cadeira de prefeito desvinculando-o da pretensão tanto de vir a ser candidato em 2014 ao Palácio dos Bandeirantes – sede do governo estadual – como ao Palácio do Planalto.

Quanto aos eleitores, que se lixassem.  Aos militantes, que trabalhassem como formigas operárias em favor do projeto pessoal de Aécio, Alkimin e Serra. Não vai longe quando eleitores e militantes foram convocados para erguerem o andor de cada um deles em sucessivas campanhas ainda que em sacrifício de bandeiras caras ao partido. Baniram FHC e disputaram a herança do petismo ao invés a do governo federal que os projetou.

Mas o vôo da cobiça, todos o sabem cego. E mal completadas as manobras a que se dedicavam de dar passa-moleque nas instâncias do partido, eis que se levanta a voz do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tantas vezes traído, para condenar o passo falso no caciquismo em detrimento do respeito ao partido e a seus eleitores.

FHC fez saber por meio dos que lhe são mais próximo que não pactua com a manobra, que a renovação é a esperança de futuro para qualquer partido. Com a voz dele, o repúdio da militância ganhou ressonância e o processo de escolha deverá voltar ao seu curso.

Fernando Henrique sabe que mesmo na improvável hipótese de rendição dos convencionais tucanas às pretensões da cúpula, o partido não seria pacificado. Iria dividido para as eleições de outubro e mais adiante nada impediria que a facção de Serra buscasse abrigo em outras legendas, numa espécie de pemedebização do PSDB, com Alkimin no papel de Quércia e Aécio no de Doutor Ulisses.

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