domingo, 26 de fevereiro de 2012

A Eva de Kassab

O que tucanos mais ingênuos não conseguem entender é que por detrás da candidatura de Serra está a urdidura de um plano que tem em vista fortalecer o partido de Kassab a ponto de permitir a Serra no futuro liderar uma dissidência dentro do PSDB.

O Plano visa dar a ele ou a um outro, que não Aécio (Marina Silva, quem sabe) condições de viabilizarem-se candidatos à presidência da República, com o apoio do grande partido de centro-direita que será o PSD.

O ex-governador demorou a lançar-se às previas de seu partido porque preferiu antes impor uma rendição incondicional ao seu rival Geraldo Alckimin, ameaçando-lhe com a possibilidade de o recém-criado partido de Kassab vir a tolher seu caminho de retorno ao palácio dos Bandeirantes quando da tentativa de reeleição em 2014.

Nesse sentido, a entrada abrupta de Serra na disputa nada tem a ver com o desprendimento de pretender fortalecer o PSDB no estado a fim de tornar mais fácil a manutenção do poder por mais quatro anos em São Paulo, findo o governo Alckmin.

Trata-se da tentativa de instituir uma polaridade em São Paulo que permita aos de seu grupo acomodarem-se à frente de um novo bloco político uma vez manifestos os inevitáveis efeitos de fadiga de material, depois de concluídos os 20 anos de controle do governo do estado pelo PSDB.

Serra tem os olhos postos no futuro. Sabe que é uma imposição do jogo democrático a alternância de poder e prepara a construção de um partido que nasça em 4 ou 5 anos dos escombros do PSDB, dando uma segunda costela ao PSD. Em face desse projeto, talvez nem Alckmin tenha garantias do apoio de Kassab, e, portanto, de Serra, nas eleições de 2014.

Quem será usada nesse jogo de dissimulações que move a caciquia partidária, é a militância do partido. Pensando ganhar as eleições para a Prefeitura de São Paulo e com isso salvar o partido de uma derrota para o PT, estará, isto sim, cavando – como diz Cartola em uma de suas mais belas canções – um abismo com os próprios pés.


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