segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Armadilha de martas

Duas diferentes dinâmicas impulsionam as candidaturas dos dois principais partidos no município de São Paulo, PT e PSDB. Enquanto no partido dos trabalhadores o movimento é no sentido da construção de alianças e de aglutinação de forças, no partido da social democracia os esforços partidários giram em torno da resistência à desarticulação.

A principal manifestação desse quadro, pelo lado do PT, foi o deslocamento do prefeito Gilberto Kassab do campo de seus aliados tradicionais e com ele a atração que se fez da terceira  maior máquina administrativa do País para que trabalhe pela candidatura Haddad. O que não é pouco dado o pesado investimento político que o partido de oposição ao governo federal realizou para deter influência sobre a administração municipal.

Não há hoje um modo mais efetivo de conquistar os partidos menores para uma aliança com o PT, inclusive os considerados do campo progressistas, do que contar com o respaldo do governo do Município, que tem os vereadores dessas agremiações reféns de suas engrenagens para a renovação de seus mandatos para a câmara Municipal.

Os principais aliados do PT em plano federal já estão com o prefeito Kassab por meio de cargos que ocupam na prefeitura e a possibilidade de virem a perdê-los constitui apelo muito mais convincente que muitas laudas de discursos que apontem as idiossincrasias programáticas tucanas.

Não é outra coisa que move o governador Geraldo Alkimin quando tece com a agulha da caneta de nomeações o tricô para dar tempo de TV ao futuro candidato de seu partido.

A trajetória ascensional da candidatura petista tem produzido espetáculos de forte poder imagético, como a ida do prefeito paulistano à festa de 32 anos do PT, submetendo-se a vaias que atestaram definitivamente a seus ex-aliados de que lado está.

Sem dúvida perdeu com o congraçamento o PSDB e dentro dele, particularmente, o grupo de Serra. O que, por sua vez, torna quase incomunicáveis os dois campos em que se divide o esforço de campanha tucano, o serrista e o ligado ao governador Alckmin.

E não é só a impossibilidade de manter unidos velhos aliados que denota a falta de vigor da articulação tucana. A fragilidade é também o esteio do embate intestino que vem dissipando a energia do partido e tem inibido o oferecimento de respostas, quando não dado os motivos, para desgastantes campanhas de desconstrução de imagem que inundam a mídia mostrando a administração estadual como um feudo sitiado pelo povo.

 As ações na cracolândia e no pinheirinho são exemplos de ações administrativas transformadas em fatos políticos de ampla repercussão midiática que cumprem a função didática de apresentar ao eleitor o PSDB como um partido antipopular, incapaz, após 20 anos de exercício continuado do poder, de formular uma política de combate à miséria e de uma política habitacional consistente com promessas decenais de campanha.

Sensíveis `as circunstâncias favoráveis que cercam a candidatura petista, Fernando Henrique Cardoso e Geraldo Alckimin querem que Serra saia candidato a prefeito  pelo simples fato de pretenderam altera-las no que têm de mais fundamental: buscam impedir uma aliança entre PSD e PT a fim de encurralarem Haddad na armadilha de aprisionamento de martas (não a senadora, mas o mamífero mustelídeo), a armadilha dos 30% de votos.

                                                                                                             






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