sábado, 24 de dezembro de 2011

Conversa de Playboy



Esse moço Aécio é engraçado mesmo. Na tentativa de desenhar uma chapa para as eleições de 2014 que pareça minimamente viável e com isso poder cacifar-se em seu partido e junto ao espectro de forças mais conservadoras da política brasileira, prega uma eventual aliança com o governador de Pernambuco Eduardo Campos, do partido socialista brasileiro.
Exceto pelo fato de serem netos de políticos conhecidos, os dois homens são em tudo diferentes. Dos traços pessoais ao que representam.
Enquanto Aécio é um dandy carioca, com domicílio em Belo Horizonte apenas por conveniência política já que só lá é visto como herdeiro de Tancredo Neves, Eduardo Campos é um laborioso político da nova geração que obteve o merecido reconhecimento dos nordestinos, elegendo pelo seu partido seis governadores.
Não se fez sendo amigo de banqueiros e de gente famosa, buscando com isso passar por moderno, o que quer que isso signifique. Empunhou a bandeira do desenvolvimento de todo o nordeste e em sua parceria com o ex-presidente Lula logrou fazer da região o que se convencionou chamar de a China brasileira. Levou para o esquecido nordeste fábricas, portos, ferrovias, siderúrgicas e refinarias.
Graças a esses investimentos, que ele e outros governadores nordestinos atraíram para a região, a participação do nordeste no produto interno brasileiro, estagnada em 12,5 % do produto interno brasileiro, voltou a crescer para algo próximo aos 15 % em 2011. Um recorde impressionante para o curto período de meia década, se considerada a série de dados do IPEA coligida desde 1939.
Ao contrário de Aécio, Campos não têm compromissos com oligarquias retrógradas. Seu sucesso deveu-se exatamente ao combate que deu a elas, como o exemplifica o isolamento a que submeteu em seu estado o ex-coronel e agora presidente do PSDB Sérgio Guerra.
Principal aliado no nordeste do mais iminente nordestino vivo, Luis Inácio da Silva, o neto do guerreiro Arraes sabe que o futuro lhe acena com o sucesso e o que menos precisa nas próximas eleições é associar seu nome ao de um cafajeste, cujo propósito último é tomar de empréstimo o prestígio de que desfruta para fazer a si mesmo presidente da república.

Segue matéria públicada na edição de 24/12/2011 do jornal O Estado de São Paulo sobre o assunto

Aécio quer parceria com PSB em 2014

Senador tucano defendeu uma aproximação com o partido do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, tendo em vista a disputa pelo Palácio do Planalto

BELO HORIZONTE - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) assumiu nesta sexta-feira, 23, a possibilidade de seu partido tentar uma aproximação com o PSB para a corrida pela Presidência da República em 2014. Cotado como um dos principais nomes do tucanato para disputar a sucessão presidencial, o senador lembrou que os socialistas atualmente integram a base do governo, mas ressaltou que "em 2013 ou em 2014 as coisas podem estar diferentes".

O PSB tem ganhado espaço no cenário nacional e conseguiu eleger seis governadores no ano passado, sendo quatro deles no Nordeste, região em que o PSDB tem dificuldade de penetração e que deu expressiva votação para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e para a atual presidente Dilma Rousseff. E o presidente nacional socialista, o governador Eduardo Campos (PE), também é tido como um nome que pode ter peso decisivo na balança da sucessão presidencial.

Aécio ressaltou que é preciso "respeitar a posição" do PSB, atualmente um dos mais fiéis aliados do Palácio do Planalto, mas lembrou que o PSDB já tem proximidade com os socialistas em várias cidades, como em Belo Horizonte, onde os tucanos vão reeditar uma coligação com petistas em torno da reeleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB). Para expandir essa aliança ao cenário nacional, porém, o senador acredita que os tucanos precisam apresentar "um projeto que signifique expectativa de poder, um modelo novo para o Brasil".

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