domingo, 11 de dezembro de 2011

Ave em extinção?



Pesquisa divulgada pelo jornal Folha de São Paulo sobre as eleições municipais de 2012 dá uma idéia do grau de descrédito que se abate sobre o principal partido de oposição ao governo federal na mais importante cidade brasileira.
O indicador desse desprestígio é José Serra. O nome do ex-candidato a presidência da república pelo PSDB descamba dos mais de 40% dos votos obtidos nas últimas eleições para pífios 18%. A queda na aceitação do ex-candidato é impressionante se se considera o fato de mal haver saído de uma campanha nacional na qual teve exposição máxima.
Porém, mais eloqüente que o baixo prestígio é a rejeição ao ex-candidato, que chegou aos 35% dos eleitores pesquisados e ultrapassou em 5% o percentual que os especialistas julgam tornar uma candidatura inviável.
Os outros nomes tucanos tampouco se saem melhor. Bruno Covas, secretário do meio ambiente é o que mais se destaca com 6% dos votos. Os demais não pontuam mais que 2% da preferência do eleitorado.
O quase impúbere candidato Covas já enfrenta, no entanto, dificuldades para usar o nome do avô devido ao seu noticiado envolvimento com o escândalo das propinas na Assembléia Legislativa de São Paulo e com a tentativa de aplicação do esquema da inspeção veicular em 126 municípios do estado de São Paulo.
De outro modo, mas espelhando o mesmo fenômeno de perda de credibilidade do partido que governou com Kassab a capital até bem pouco tempo, o PSDB vê crescer a influência tanto de Dilma quanto do ex-presidente Lula. No estado, Dilma já ultrapassa em popularidade Alkimin com 51% de aprovação contra 48% do governador; e entre os paulistanos, quase 55% dizem que votariam no candidato indicado por Lula a prefeito.
Como desgraça pouca é bobagem, conforme o dito popular, também a moralidade, principal mote eleitoral de todas as campanhas do partido dos tucanos, parece ter-lhes sido arrancado definitivamente à boca. Acaba de chegar às livrarias obra jornalística que revela a prática de desvios de recursos públicos, enriquecimento ilícito e indícios de formação de quadrilha por parte de importantes nomes dos quadros da sigla durante as privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso.
Nessas circunstâncias, têm peso de análise sociológica profunda as palavras de FHC sobre os percalços enfrentados pelo partido que ajudou a fundar: o futuro do PSDB é mais incerto que o futuro do euro, disse ele.
Talvez não se referisse à moeda européia mas a outro tipo de euro, o eurocomunismo: proposta altissonante de projeto político de tipo socialdemocrata que, a exemplo do neoliberalismo atual, começou a fazer água com o descrédito de seus principais fiadores, Enrico Berlinger e George Marchais.   


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