quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A árvore dos milhões




Todos sabem que o governador Alckmin deve 5O% do sucesso de sua carreira política ao falecido governador Covas. Ele mesmo não perde oportunidade de reavivar no eleitorado a lembrança da associação de seu nome com o de Covas sempre que possível em pronunciamentos públicos.
Estratégia de comunicação que tem funcionado porque, graças à colaboração da imprensa, poucos associam o nome de Covas com o de seu ex-Chefe da Casa Civil, amigo e todo poderoso à época de seu governo, o atual conselheiro do tribunal de contas que agora está sendo processado pelo governo suíço, Robson Marinho.
Contra o ex-membro do alto escalão pesa a acusação de haver movimentado 3 milhões de francos naquele país europeu provenientes do recebimento de propinas pagas por fornecedores franceses de equipamentos para o metrô de São Paulo e para a companhia de trens metropolitanos, a empresa Alstom.
 É preciso que se relembre. No ano de 1995 Alckmin era deputado estadual pouco conhecido. Havia chegado à presidência do diretório regional de São Paulo do PSDB beneficiado por um acordo que previa o rodízio de lideranças regionais à frente da instância partidária.
Covas, cioso de seu prestigio como ex- exilado e opositor do regime militar, pretendia produzir para si um quadro de conforto político que lhe permitisse lançar-se com segurança primeiro ao Palácio dos Bandeirantes em 1998 e em seguida à presidência da república em 2002.
Com esse intuito, manobrou habilmente para evadir-se à pressão de correligionários para que aceitasse como vice um figurão do partido com planos próprios e mais afinado ao presidente FHC, que 2 anos depois apoiaria também Maluf ao governo do Estado. Incomodava Covas as movimentações ostensivas de Serra e de seus aliados junto a FHC com vistas a fazer-se seu sucessor e plantar em São Paulo um governador de sua confiança.
Foi desse modo que a escolha recaiu sobre o pacato deputado do interior Alckmin, a quem foi confiada a tarefa de conduzir ao lado de Robson Marinho a privatização das estatais de São Paulo, a frente da Comissão Estadual de Desestatização, e com isso prover os fundos que bastariam ao projeto presidencial de Covas alguns anos mais tarde.
Do resto o destino e a fatalidade da morte dariam conta. E tudo que Alckmin teve doravante seria demonstrar à viúva do falecido uma reverência eclesiástica à sua memória e permeabilidade aos desejos da influente senhora de introduzir seu neto predileto, Bruninho Covas, na carreira política a fim de colher o que restasse de louros da imagem de probidade do avô.
Desse modo não surpreende a informação que veio a público há pouco de que Bruno Covas logrou antecipar em um só ano de seu mandato de deputado estadual pelo PSDB todo o valor que teria a receber em 4 anos à título de emendas parlamentares, dessas que agora se sabe constituem o meio pelo qual opoerou o que vem sendo chamado de escândalo do mensalão paulista.

Foram 8 milhões de reais, quando outros deputados tinham o direito de retirar 2 milhões dos cofres estaduais para o patrocínio de obras municipais onde bem entendessem, com a propósito último de obtenção de gordas comissões que finaciassem suas respectivas campanhas e, claro, garantissem a formação de um sempre oculto patrimônio pessoal.
Tudo indica que o motivo do favorecimento do rapaz, no momento secretário estadual do meio ambiente, foi dar- lhe condições para para viabilizar a formação de seu caixa de campanha à prefeitura da capital, ungido que estava pela dívida de gratidão que o governador mantem para com a família a quem deve sua fulminante carreira política.
Entende-se porque Bruninho, dando ainda os primeiros passos na política, apavorou-se com o estouro de rojão do deputado que, descontente com a partilha, denunciou o esquema de propina. 

Num gesto ingênuo inoculou-se da dose letal do que supunha ser sua vacina contra os pecados já cometidos na manipulação das emendas: declarou à imprensa que recebera ele, Bruno Covas, oferta de propina por parte de prefeito do interior e que recomendou na oportunidade sua doação à Santa Casa.
Melhor teria feito se hovesse pedido ao prefeito filantropo que desse o dinheiro à Santa Sé a fim de canonizar o próprio avô e, quem sabe, também seu fiel escudeiro Robson Marinho. Este último com a pressa devida, antes que vá preso ou se mande do país com a grana levada do assalto à companhia do metropolitano.

Segue trecho de matéria do Estadão de 11/10/2011 que permite entender o sucesso eleitoral de Bruno Covas.

Em ano eleitoral, Bruno Covas consegue R$ 8,2 milhões em emendas

Em notícias veiculadas em seu site oficial, o secretário estadual de Meio Ambiente, Bruno Covas (PSDB), informa ter conseguido intermediar, só no ano de 2010, um repasse de recursos a prefeituras e entidades equivalente a toda a cota de emendas parlamentares que lhe caberiam em quatro anos de mandato como deputado.
No ano passado, Covas exercia mandato de deputado estadual e foi campeão de votos na disputa à reeleição. Embora a cota anual de emendas por parlamentar seja de R$ 2 milhões, Bruno afirma ter conseguido intermediar o repasse de recursos que somam R$ 8,2 milhões. Todos viraram convênios do governo estadual com prefeituras ou entidades. O levantamento foi feito pelo Estado a partir das informações que constam no site do próprio secretário e da checagem dos convênios.

Procurados na manhã desta terça-feira, 11, o governo estadual e o secretário Bruno Covas não se manifestaram até agora sobre as informações desta reportagem. Assim que o fizerem, suas versões serão divulgadas pelo estadão.com.br.

O governo do Estado de São Paulo não divulga os autores de todas as emendas e nem seus respectivos valores. O Executivo paulista divulgou, até o momento, somente os recursos liberados em 2011. Diante da ausência de publicidade desses dados, não se sabe quanto o governo dispendeu em recursos que de fato foram intermediados pelo secretário Bruno Covas.

Nas peças orçamentárias de 2010 e 2011, o governo reservou R$ 188 milhões para emendas parlamentares, valor que, dividido por 94 deputados, resulta em R$ 2 milhões. Bruno Covas foi o relator desses dois orçamentos na Assembleia. Embora houvesse uma pressão de deputados por aumentar o valor das emendas, o tucano manteve a cota inalterada.

O valor de R$ 8,2 milhões que Bruno conseguiu liberar em ano eleitoral foi encontrado em 49 emendas das quais o próprio secretário, em seu site oficial, afirmou ser autor. O Estado confirmou a assinatura dos convênios e a liberação do dinheiro com base em informações da Secretaria da Fazenda.

Em diversas notícias do site de Covas é possível encontrar a liberação das emendas. Com o título "Guararapes é beneficiada por emenda de Bruno Covas", uma reportagem informa a liberação, pelo governo, de R$ 300 mil para um estádio do município.

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